2 e meio dias na capital do Japão
Minha recomendação é encontrar um hotel mais central, nos bairros de Shinjuku, Shibuya, Ginza ou nos arredores da Estação de Tokyo. Nesta viagem, resolvemos ficar em Shinjuku. Apesar do tamanho da cidade, três ou quatro dias são suficientes para conhecer os pontos mais importantes e pitorescos dos dois lados da metrópole, o tradicional e o moderno.
No dia de chegada a Tokyo, é interessante andar um pouco pelas ruas do bairro onde se está hospedado. Como estávamos perto de um parque e já estávamos com o sakura na cabeça, loucos para vivenciar o hanami, partimos direto para o Jardim Nacional Shinjuku Gyoen, um parque que estava floridíssimo e que foi enchendo de grupos que vinham montar seus piqueniques coloridos, muitos vestidos com roupas tradicionais ou de animês. Não faltavam meninas tirando selfies com as flores atrás, turistas vestidas de gueixas, máquinas fotográficas e celulares fazendo cliques e sandálias com meias curtas e finas. No parque, que tem um lago no meio, as diferentes espécies de cerejeiras eram refletidas nas águas formando cenários que diversos pintores e desenhistas transferiam para o papel com seus traços mágicos.

Sakura

Jardim Nacional Shinjuku Gyoen

Piquenique e hanami
Saindo de lá encontramos um lugar para comer em Shibuya e absorvemos um pouco do ambiente japonês, antes de dormir cedo para descansar e acomodar o longo fuso horário de 12 horas.
1o dia
De manhã cedo, depois do café da manhã, pegamos um metrô para Asakusa. Ali está o Templo Senso-ji o templo budista mais antigo de Tokyo, construído em 645 para homenagear a Deusa da Misericórdia, Kannon. Seu pórtico de entrada (torii) é cartão-postal certo e ponto de parada de todos os milhares de turistas que visitam a área todos os dias. Asakusa é também o distrito das Gueixas e pode-se passar umas duas horas andando pelos arredores, apreciando as vestimentas, os ornamentos, fontes, estátuas, jardins e o impressionante Pagode de 5 andares. Dentro do complexo fica também o rebuscado Santuário xintoísta Asakusa-jinja. E claro que há lojinhas vendendo todo tipo de souvenir.

Templo Senso-ji

Altar dourado de Senso-ji

Pagode de 5 andares
Mais um metrô e paramos no grande Parque Ueno Koen. Se o parque e templo anteriores estavam cheios de gente, esse parque então… Mas é o maior parque de cerejeiras da cidade, com quase 9 mil árvores, e abriga o Museu Nacional de Tokyo, o Museu de Arte da Universidade, o Museu de Arte Metropolitano de Tokyo, o Museu Nacional de Natureza e Ciências, e o Museu Real de Ueno. Mas a grande atração são certamente as árvores floridíssimas – e as moças vestidas de gueixas e animês. Ali, ninguém anda olhando para o chão, então é bom ter cuidado 😉 São várias ruazinhas com cerejeiras de ambos os lados, uma mais cheia que a outra, algumas soltando suas pétalas que eram levadas pelo vento.

Parque Ueno Koen
No parque há vários santuários, cercados de plaquinhas de orações (ema) deixadas pelos visitantes esperançosos. Ali, aprendemos como se faz o ritual típico dos fiéis xintoístas, pois está detalhado em uma placa: primeiro, inclina-se levemente o tronco para a frente; depois, inclina-se o tronco mais ainda e respeitosamente por duas vezes. Em seguida, bate-se palmas duas vezes, e inclina-se o tronco respeitosamente para a frente mais uma vez. Só então se inicia a oração e, antes de sair, inclina-se levemente o tronco para a frente uma última vez.

Ritual de oração

Ema
Dentro do parque está também o santuário xintoísta Ueno Tosho-gu, com seus detalhes dourados, e um Pagode de 5 andares.

Ueno Tosho-gu

Pagode de 5 andares
Já na hora do almoço, há ali um Mercado com comidinhas de rua bastante coloridas – polvo, peixe, caranguejo e lula são servidos em espetinhos para facilitar o consumo. Muita gente traz a própria comida ou bentôs e senta, em grandes grupos, sob as floridas árvores, para fazer sua refeição. Se comprar um espetinho, lembre-se de comê-lo sentado e não andando, e guardar seu lixo consigo.

Mercado de comidinhas de rua

Crabs em espetinhos

Piquenique com hanami
De lá, fomos de metrô ao moderno bairro de Chiyoda para visitar o Palácio Imperial do Japão, a residência oficial do Imperador japonês. Há visitas guiadas ao palácio apenas 2 vezes ao ano. Passeamos apenas por fora, contornando o fosso de água que circunda o complexo, apreciando seus jardins, muralhas e decorações das construções.

Palácio Imperial do Japão

Palácio Imperial do Japão
Terminamos o dia visitando a Tokyo Tower, em Roppongi, a altíssima torre de TV que tem vista de 360 graus de toda a capital japonesa. A mirada é impressionante, principalmente se curtida durante o fim de tarde, com o sol se pondo e as luzes dos edifícios começando a se acender.

Tokyo Tower

Vista do alto da torre ao entardecer
2o dia
Pegamos o metrô em direção ao Mercado de Peixes Tsuki-ji. No caminho da estação para o mercado, paramos no Templo budista de Tsuki-ji Hongwan-ji, uma construção de 1617 com aparência indiana, que possui um órgão de 2 mil tubos. É claro que sua fachada é relativamente nova, pois o edifício já se incendiou (40 anos depois de erguido) e foi novamente destruído pelo grande terremoto de 1923.

Templo de Tsuki-ji Hongwan-ji

Interior do Templo de Tsuki-ji Hongwan-ji
Seguimos para o Mercado de Peixes Tsuki-ji, para apreciar a variedade de iguarias marítimas e nos misturarmos à multidão que por ali passeava. O mercado abre bem cedo para realização de leilões de peixes frescos, com senha para entrada. Depois, suas barraquinhas abrem ao público vendendo de tudo.

Restaurante no Mercado de Peixes Tsuki-ji
Dali tomamos um ônibus e descemos no distrito de Akihabara, a Electric Town, pois eu estava procurando alguns acessórios para fotografia. Ali, além das lojas de elertônicos, também se acumulam diversos Maid Cafes e curiosas lojas de DVDs eróticos japoneses. Claro que entramos para dar uma espiadinha. 😉

Akihabara

Maid Cafe
Praticamente ao lado do parque Ueno Koen, a 10 minutos de caminhada, fica o Santuário Kanda Myojin, cercado de prédios modernos, uma pérola no meio da selva de pedra de Tokyo. Originalmente construído em 730 d.C., o santuário entroniza três divindades: a primeira é Taira-no-Masakado, um pioneiro da classe samurai que liderou reformas políticas na região de Kanto, o que lhe rendeu grande respeito do povo. Após a sua morte, em 1309, ele foi entronizado no santuário. Outras duas divindades são Daikokuten e Ebisu, consideradas deusas da boa fortuna entre os Shichifukujin, ou Sete Deuses da Sorte. Por isso, muitos empresários o visitam para rezar por prosperidade. Mas o lugar hoje atrai mais os fãs de animê das proximidades de Akihabara, pois o santuário Kanda-jinja aparece no animê Love Live!, onde a personagem Nozomi Tojo é uma de suas donzelas.

Santuário Kanda Myojin
Atravessando a avenida, está o Mausoléu de Confucius no Templo Yushima Seido, de 1690. Centro do pensamento confucionista, também serviu como escola de treinamento para oficiais Tokugawa durante o período Edo (1603-1867). O templo foi o berço da Escola Normal (agora Universidade Tsukuba) e da Escola Normal Feminina de Tóquio (agora Universidade Ochanomizu) e influenciou fortemente o sistema escolar moderno. Por seu foco na educação, Yushima Seido é popular entre os estudantes, que vêm orar por boa sorte e sucesso na escola, principalmente na época dos vestibulares.

Mausoléu de Confucius no Templo Yushima Seido
Mais um trajeto de metrô nos levou à estação de Harajuku, de onde entramos no parque do Santuário xintoísta de Meiji-Jingu, erguido em 1920 e dedicado ao Imperador Meiji (1852-1912) e à Imperatriz Shoken, apontados como modernizadores do país. Na criação do parque, mais de 100 mil árvores foram doadas e plantadas por voluntários de todo o país. Porém, o espaço foi bastante danificado durante a 2a Guerra, e foi reconstruído em seguida nos moldes originais. Vimos nas trilhas do parque dois Torii gigantes, o Kitasando e o Nino, e uma parede de grandes barris de saquê, também doados de todo o Japão.

Torii de entrada

Santuário xintoísta de Meiji-Jingu

Barris de saquê
Deixando o parque pela avenida Koen Dori chegamos ao cruzamento mais icônico de Tokyo, o Cruzamento de Shibuya. Dá pra ficar ali vários minutos observando as várias fases dos semáforos e o tráfego de veículos e pedestres de um lado a outro. Dizem que de 1000 a 3000 pessoas podem cruzar as ruas de uma só vez. Para apreciar toda a magnitude do Cruzamento de Shibuya e testemunhar sua dança rítmica, é preciso vê-la do alto. Pode-se subir nos centros comerciais que cercam o cruzamento e parar em um de seus cafés, como os do edifício QFRONT, ou da própria estação de trem, entre as linhas JR e a entrada da Linha Keio Inokashira.

Cruzamento de Shibuya
Ali na entrada da estação está a estátua de bronze de Hachiko, simbolizando o cão da raça Akita que deixava seu tutor todos os dias enquanto ele tomava o trem para o trabalho, e vinha buscá-lo quando chegava. Um dia, porém, seu dono não voltou, tendo morrido repentinamente de hemorragia. O cachorro, mesmo sendo adotado por outra família, persistente, ainda retornou à estação todos os dias durante 10 anos para esperar seu antigo amigo.

Hachiko
Ali perto há também uma loja do Mario Kart, que aluga karts e fantasias dos personagens do jogo. Grupos de pessoas vestem a fantasia e saem andando de kart pela cidade. Pareceu bem divertido.

Karts com turistas vestindo roupas dos personagens de Mario Kart
Próxima parada: Kyoto, Arashiyama e Nara
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Crédito das fotos: Fabio Tagnin