Kyoto, Arashiyama, Nara

1o dia – Kyoto

De Tokyo, pegamos um trem-bala para Kyoto. Ali, na cidade que já foi capital do Japão, nos hospedamos em Southern Higashiyama, um lugar bem central e distrito local das Gueixas. Aqui, realmente era difícil distinguir as Gueixas de verdade das turistas japonesas que vestiam fantasias para tirar fotos durante o sakura. Em qualquer rua e qualquer esquina havia cerejeiras floridas, um desfile de tons branco-rosáceos incríveis. O apartamento ficava bem perto do Parque Maruyama e da Rua Hanamikoji, onde ficam alguns restaurantes e várias lojinhas.

No final da rua, na beira do Rio Kamo-gawa, está o Teatro Minami-za, onde assistimos o show de Gueixas Miyako Odori. Estando em Kyoto, era algo que tínhamos que fazer. É um espetáculo lento, com música atonal, mas que é tipicamente oriental.

Teatro Minami-za

Show de Gueixas Miyako Odori

O resto da noite aproveitamos para bater pernas no meio das ruazinhas iluminadas do bairro, na orla do rio, namorando as vitrines divertidas, as fachadas diferentes e, claro as flores de cerejeira nas árvores iluminadas.

Kamo River Noryo-Yuka

Uma das ruas do bairro das Gueixas

Em todos os lugares, uma iluminação romântica sob as cerejeiras

2o dia – Kyoto

Iniciamos o dia frio subindo as inclinadas ruas dos distritos de Ninen-zaka e Sannen-zaka, onde casais festivos se fotografavam sob as cerejeiras cálidas, antes de muitas das lojinhas abrirem as portas.

Ninen-zaka

Ninen-zaka

Sannen-zaka

Subimos até o alto do Templo budista de Kiyomizu-dera. Não há um único prego usado em toda a sua estrutura, que leva seu nome da cachoeira que flui das colinas próximas de lá. Kiyomizu é um templo budista, fundado em 798 e seu nome significa água límpida, ou água pura. Dentro do complexo, dragões de pedra e vários Pagodes de dois e três andares completam o quadro de um filme noir. E por estar em cima de um morro, o lugar oferece uma vista verde bonita, com a cidade lá embaixo.

Templo de Kiyomizu-dera

Pagode de 3 andares do Templo de Kiyomizu-dera

Interior do Templo de Kiyomizu-dera

Vista do Templo de Kiyomizu-dera e a cidade de Kyoto lá embaixo

Retornando pelo mesmo caminho, desviamos um pouco para ver o fotogênico Pagode de cinco andares de Hokan-Ji, um dos cartões postais de Kyoto.

Pagode de cinco andares de Hokan-Ji

O lugar é muito frequentado por casais para ensaios românticos

E chegamos de volta ao Parque Maruyama, onde ficam o Santuário de Yasaka e o Templo Chion-in. O Sanmon do templo Chion-in foi levantado durante o tempo de vida de Hidetada Tokugawa em 1621 e é o maior portal duplo de madeira do Japão, com uma altura de 24m e comprimento de 50m. Passamos um tempo conhecendo seus jardins e edifícios ornamentados, fazendo oferendas, orações e admirando o Buda dourado no altar.

Portão de Samnon do Templo Chion-in

Templo Chion-in

Vista do Portão de Samnon do Templo Chion-in

Buda dourado no altar do Templo Chion-in

As escadas do parque nos levaram a um outro santuário, Chionin Gobyo (Mausoléu of Honen), um lugar de extrema calmaria e sossego, onde pudemos meditar um pouco sobre a nossa sorte de estar naquele lugar, naqueles dias.

Chionin Gobyo (Mausoléu of Honen)

Interior do Chionin Gobyo (Mausoléu of Honen)

Ao descermos, tomamos a avenida Shijo-dori, atravessamos o rio e fomos conhecer o Mercado de Nishiki, um espaço estreito de 400m de comprimento e cerca de 130 barraquinhas que vendem comidas prontas, em conserva, souvenires, utensílios de cozinha e outros breguetes. Comemos uns dumplings (Har Gow) deliciosos ali ao lado, no Teramachi Shopping Arcade. Andamos mais um quarteirão até a loja de departamentos Daimaru e descemos as escadas até a praça de alimentação, apenas para conhecer.

Mercado de Nishiki

Mercado de Nishiki

Pexinhos

Ouriços para comer na hora

De lá, pegamos um ônibus até a estação de Fushimi-Inari para visitarmos outro cartão postal de Kyoto, o Santuário xintoísta de Fushimi Inari-taisha, dedicado à divindade da boa colheita e sucesso nos negócios, Inari. O santuário fundado em 711 é o maior de todos os santuários dedicados a Inari no Japão. Seu corredor interminável de 10 mil portais torii alaranjados desenha o caminho de 233 metros de altitude até o Monte Inari. Para percorrer todo o caminho que leva ao topo do monte e retornar levaríamos 3 horas. Preferimos ir até a metade do caminho, no lago Shin-ike e voltar, e a experiência foi igualmente satisfatória.

Entrada do Santuário de Fushimi Inari-taisha

Mapa do Santuário de Fushimi Inari-taisha

Muita gente no Santuário de Fushimi Inari-taisha

Muitos torii no Santuário de Fushimi Inari-taisha

3o dia – Arashiyama + Kyoto

De Kyoto é possível ir de táxi, trem ou ônibus a Arashiyama, distrito a oeste da cidade que fica na base das montanhas de mesmo nome, conhecidas como “Storm Mountains”, ou montanhas da tempestade. Em uns 30 minutos chega-se na rua principal da cidade, perto da ponte de Togetsu-kyo. Caminhamos um pouco ao longo do rio, beirando o Parque Kameyama-koen, até o Templo budista Tenriyu-Ji.

Templo de Tenriyu-Ji

O Templo zen de Tenriyu-Ji é um dos pontos turísticos mais importantes de Arashiyama. O espaço foi construído em 1339 com mais de 100 subtemplos, sendo que hoje apenas alguns deles continuam em funcionamento. Seus jardins são exemplos vivos do melhor design tradicional japonês – foram projetados pelo mestre jardineiro Muso Soseki, que aproveitou a paisagem das colinas de Kameyama e Arashiyama ao redor de um grande lago para compor um cenário que muda a cada estação do ano. Ali, as cerejeiras floridas dão um toque especial às areias milimetricamente escovadas e diversos banquinhos que convidam o visitante a sentar-se e contemplar, contemplar, contemplar…

O lago do Templo de Tenriyu-Ji

Cerejeiras floridas no Templo de Tenriyu-Ji

Os banquinhos convidativos no Templo de Tenriyu-Ji

Ao lado do complexo está o Bosque de Bambu, uma floresta de bambus cujas trilhas de hastes alinhadas de mais de 10m de altura fazem com que nos sintamos muito, mas muito pequenos. O caminho é bem curto, mas o sol brilhando pelo meio das folhas cria desenhos alucinógenos.

Bosque de Bambu

Bosque de Bambu

No fim do caminho fica a vila de Okoshi-Sanso, uma casa de campo imperial que possui lindos jardins e pertenceu ao ator de filmes Okochi Denjiro (1898-1962). A taxa de entrada inclui uma xícara de chá de matcha e um doce, que sorvemos com calma sentados no meio do jardim.

Vila de Okoshi-Sanso

Chá com docinho

Se seguirmos a estrada um pouco mais ao norte, encontramos a entrada de outro templo budista, o Templo Jojakko-Ji. Ali os monges estão em plena atividade e pode-se andar pelos arredores até chegar no observatório que tem uma esplêndida vista da cidade ali embaixo.

Templo Jojakko-Ji

De lá pegamos um táxi (melhor maneira de chegar lá) até Kinkaku-Ji, o incrível Templo do Pavilhão Dourado de três níveis, coberto de folhas de ouro. Seu reflexo espelhado na serena Lagoa Kyoko-chi pode compor uma das melhores fotos da viagem. Originalmente, o local era um refúgio de férias para o xogum Ashikaga Yoshimitsu, em 1397 e seus jardins abrangem cerca de 132 mil m2. Após sua morte, o terreno foi convertido em um templo zen-budista e o impressionante Pavilhão Dourado foi construído para consagrar Buda, possuindo um santuário adicional no segundo nível dedicado a Kannon, Deusa da Misericórdia.

Kinkaku-Ji, o Templo do Pavilhão Dourado

É interessante notar que cada um dos três andares do Pavilhão foi construído segundo estilos arquitetônicos diferentes. O primeiro nível, shinden-zukuri, é feito no estilo arquitetônico predominante das casas palacianas da aristocracia do Período Heian (794-1185). O segundo nível, buke-zukuri, é feito no estilo comumente usado nas residências de guerreiros samurais de alto escalão do Período Kamakura (1185-1333). No terceiro nível sobressai a arquitetura zen tradicional chinesa. Os telhados piramidais de palha de cada nível são cobertos de telha e os dois níveis superiores são revestidos com as folhas de ouro que dão nome ao templo, Kinkaku-Ji.

Já falamos das cerejeiras em flor?

Se você ainda não estiver cansado de ver templos, pode pegar um outro táxi e ir ao Templo Daitoku-ji, um outro magnífico complexo zen. Nós resolvemos retornar, pegando um ônibus (203 ou 204) na estação de Kinkakuji-michi até o Caminho da Filosofia em Kyoto.

Andar por entre as cerejeiras floridas do Caminho da Filosofia (Tetsugaku No Michi) em Kyoto é deslumbrante. Ao longo de um riacho, com as diferentes espécies de árvores, vale a pena caminhar, parando vez ou outra para um café ou uma cerveja local só para ver as pessoas passarem, muitas vestidas a caráter para serem fotografadas por seus pares sob as copas rosáceas floridas. Ah, o pôr do sol ali é fantástico!

Caminho da Filosofia (Tetsugaku No Michi) em Kyoto

Caminho da Filosofia (Tetsugaku No Michi) em Kyoto

Caminho da Filosofia (Tetsugaku No Michi) em Kyoto

Caminho da Filosofia (Tetsugaku No Michi) em Kyoto

Pôr do sol no Caminho da Filosofia (Tetsugaku No Michi) em Kyoto

4o dia – Nara

Nara fica a apenas 30 minutos de trem de Kyoto, um ótimo passeio para se fazer em um dia, e suficiente para ver a maioria dos pontos turísticos. Nara perde apenas para Kyoto como a coleção mais rica de locais tradicionais do Japão, abrigando alguns dos melhores templos e santuários do país, além de vários belos jardins, museus e bairros tradicionais. É lá que fica o famoso Daibutsu (Grande Buda) no Templo Todai-ji, o Santuário Kasuga-Taisha e o Parque Nara-koen, com seus famosos cervos semi-selvagens.

Cervo em Nara

O castorzinho, símbolo de boa sorte

Ao sair da estação Kintetsu de Nara, subindo a rua Nobori-oji, entramos no Parque Nara-koen e já vamos nos deparando com alguns cervos. Logo mais chegamos no simpático e verde Jardim de Isui-en. Demos uma voltinha, caminhamos sobre as pedras do lago mas não visitamos o Museu Nacional de Nara.

Jardim de Isui-en

Dos jardins, seguimos para o Templo Todai-Ji, cuja atração principal é o Grande Buda (Daibutsu), localizado no enorme pavilhão Daibutsu-den.

Daibutsu-den no Templo Todai-Ji

Grande Buda (Daibutsu)

Um pouco mais ao sul está o Portão Nandai-mon com seus dois enormes guardiões. E subindo o caminho logo após o pequeno lago chegamos ao Pavilhão Nigatsu-do, de onde se tem uma grande vista do complexo todo e da cidade de Nara.

Um dos guardiões do Portão Nandai-mon

Vista do Pavilhão Nigatsu-do

Se ainda não estiver com fome, lembre que os cervos sempre estão. Há barraquinhas que vendem saquinhos com biscoitos (shika sembei) para os animais, que sempre se aproximam para comer das suas mãos. A maioria é dócil, mas alguns podem ser um pouco mais valentes e agressivos, então alimente-os com cuidado. De qualquer modo, vale muitas fotos.

Cervos dividindo um biscoito

Cervos “atacando” os biscoitos de uma turista desavisada

Os cervos são tidos como animais sagrados e, como tais, são alvo instagramável dos próprios japoneses, de turistas e de casais em seus ensaios fotográficos pré-casamento.

Moças japonesas em trajes típicos fotografam um cervo

Casal de noivos atrai os cervos para um ensaio fotográfico

Caminhando sempre pelo parque, seguimos os caminhos estreitos pela floresta até o Santuário Kasuga-Taisha, com suas colunas cor de laranja, lanternas, barris de saquê e mais cervos errantes.

Santuário Kasuga-Taisha

E adiante um pouco fica o Templo Kofuku-Ji, com seu Pagode de cinco andares, o segundo maior do Japão. O templo foi construído em 669 pelo clã aristocrático Fujiwara e o Pagode em 730, mas reconstruído múltiplas vezes após ser destruído por incêndios. A construção atual é de 1426. O complexo conta com um museu, que exibe tesouros nacionais como imagens douradas de Buda, a estátua de laca seca de Ashura e a cabeça em bronze de Yakushi Nyorai, o Buda da Medicina.

Templo Kofuku-Ji

Templo Kofuku-Ji

Pagode de cinco andares

Próxima parada: Hiroshima

Voltar para a página inicial do Japão

Crédito das fotos: Fabio Tagnin

Voltar para Roteiros de Viagens