Hiroshima, Miyajima

1o dia – Hiroshima

A cidade de Hiroshima é mundialmente conhecida por ter sido o alvo de uma das bombas atômicas jogadas pelos Estados Unidos para forçar o Japão a render-se no fim da 2a Guerra Mundial. Hoje quase toda reconstruída, alguns edifícios viraram monumentos para que a catástrofe causada pelo impacto da bomba nunca fosse esquecida.

De Kyoto, pegamos um trem cedinho, que em aproximadamente 1h40 nos deixou na estação de Hiroshima. De lá, deixamos as malas no hotel e saímos para conhecer a cidade. Nossa primeira parada foi o Parque Memorial da Paz, a apenas 4 quarteirões do hotel, situado sobre uma ilha, atravessando a ponte Motoyasu-bashi sobre o rio Motoyasu-gawa.

Parque Memorial da Paz

O maior monumento do parque é a Chama da Paz, mas o local está repleto de memórias e memoriais da guerra, que devem ser vistos e assimilados, como o Cenotáfio para vítimas da bomba atômica e o Memorial das Crianças pela Paz. Junto às cerejeiras, canteiros de tulipas vermelhas dão um tom mais jovial ao espaço que reune tantas tragédias.

Memorial Chama da Paz

Cenotáfio para vítimas da bomba atômica

A grande atração da ilha é o Museu Memorial da Paz, que conta a história da guerra, das bombas de Nagasaki e Hiroshima, das famílias impactadas, das doenças e das consequências dessa atrocidade. As imagens são estarrecedoras e de cortar o coração, uma experiência muito forte.

Museu Memorial da Paz

É lá que aprendi – bem antes do filme Oppenheimer – que as bombas de Hiroshima e de Nagasaki eram completamente diferentes. A de Hiroshima, batizada de Little Boy pelos americanos, tinha um núcleo de Urânio-235, dividido em duas partes. Um explosivo químico forçava um pedaço sobre o outro, criando uma massa super crítica e desencadeando uma reação em cadeia, de energia equivalente a 16 quilotons de TNT. Já a de Nagasaki, batizada de Fat Man, tinha um núcleo de Plutônio-239, também dividido em duas partes, cercado por cargas explosivas. As cargas forçavam um pedaço sobre o outro, criando também uma massa super crítica e desencadeando uma reação em cadeia, de energia equivalente a 21 quilotons de TNT.

Modelos em escala de Fat man e Little boy

Fora da ilha, o que mais nos chama a atenção é o Domo da Bomba Atômica, na margem do rio. Hoje o Memorial da Paz de Hiroshima, a construção bombardeada em 6 de agosto de 1945 foi mantida assim desde a guerra, para lembrar da destruição da cidade.

Domo da Bomba Atômica

O Domo após a explosão da bomba

Já perto da hora do almoço, grupos começam a se juntar sob as copas das árvores de copa branca para fazer o hinami, abrindo seus bentôs e muitos vestindo roupas de animês para serem fotografados. Ali compramos um sanduíche e sentamos na grama para fazer a nossa contemplação.

O hinami na beira do rio

Cosplayers posam para foto no parque

A próxima parada foi o Castelo de Hiroshima, reconstruído no final da década de 1950, depois que o original foi dizimado pela bomba atômica. A construção é magnífica, cercada de cerejeiras floridas, e o local no topo da colina oferece uma vista incrível.

Castelo de Hiroshima

Castelo de Hiroshima

Vista do Castelo de Hiroshima

Tomamos de lá um táxi para o verdejante Jardim de Shukkeien. Ali, a fórmula que combina a jardinagem japonesa com a água dos lagos e as pontes vermelhas ligando pequenas ilhas gera cenários e reflexos pitorescos demais para passarem despercebidos.

Jardim de Shukkeien

2o dia – Miyajima

Passada uma noite no hotel de Hiroshima, fizemos check-out e deixamos nossas malas guardadas nos armários da estação de trem. De lá seguimos para a balsa que nos levou a Miyajima. Quase chegando ao porto, já se avista o torii do Santuário de Itsukushima, construído sobre as águas da baía.

Vista do barco para o Santuário de Itsukushima e Miyajima atrás

Santuário de Itsukushima, visto de Miyajima, com Hiroshima atrás

Do porto na ilha, caminhamos por entre as movimentadas ruazinhas comerciais de Miyajima Omotesandô, acompanhados dos dóceis cervos da cidade, sob mais cerejeiras em flor.

Miyajima

Na ilha, há dois passeios principais que podem ser seguidos: um deles pelo Parque de Momijidani, por entre pontes e trilhas na floresta, até chegar na Estação Kayatani, onde se pega um teleférico até o topo do Monte Misen, no Observatório Shishiiwa. Mas nós resolvemos seguir o outro caminho, até o Templo Daisho-in, fundado pelo monge Kukai, conhecido depois como Kobo Daishi. Dizem que no ano de 806 ele parou em Miyajima para executar os 100 dias de prática gumonji, sobre o Monte Misen, durante sua jornada vindo da China. O gumonji é praticado na escola Shingon do Budismo e constitui em recitar o mantra Kokuzo 1 milhão de vezes. Assim que terminou, o monge resolveu fundar o templo Daisho-in.

Daisho-in

Ao subir a colina e as escadas em direção ao templo, centenas de estátuas Rakan de gorrinhos de crochê coloridos nos espreitavam a cada degrau.

Caminho para o Templo Daisho-in

O Buda deitado de Daisho-in, no Pavilhão Shaka Nehan

O templo está repleto de pequenas estátuas muito divertidas

Mais acima, chegamos a Henjokutsu Cave, um templo budista que é mais um museu do que um templo, com dezenas de lanternas acesas no teto e centenas de mini esculturas de budas e guerreiros espalhadas pelas laterais. Um lugar incrível!

Interior de Henjo Cave

E de qualquer modo, chegamos a pé até praticamente o topo da colina, parando num bar (Hiramatsu chaya) para tomar uma merecida cervejinha, com a vista da baía, seus templos lá embaixo e Hiroshima mais ao fundo. Na volta, além de vários cervos, um merecido sorvete de “deer poop” nos esperava nas ruas da cidade.

Pavilhão Hokokujinja Senjokaku e o Pagode de cinco andares de Toyokuni

Pagode Tahoto de Itsukushima Jinja

Tomamos o barco no final da tarde, aportamos em Hiroshima e pegamos na estação o trem da linha JR Pass Sanyo Shinkansen até a estação Shin-Osaka e, de lá trocamos para a linha Tokaido e chegamos na estação de Osaka, um trajeto de 3 horas.

Próxima parada: Osaka

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Crédito das fotos: Fabio Tagnin

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