História
Considerada a cidade mais antiga da Croácia, já foram encontrados registros de sua história desde o século IX a.C.. Em seu centro histórico, que ainda conserva algumas partes de muralhas medievais, há restos de um Fórum Romano e muitas igrejas que contrastam com uma grade variedade de lojinhas, sorveterias, bares e restaurantes.
No início de sua história, Zadar era um porto comercial importante, ocupado pelos liburnos, famosos e hábeis marinheiros. Durante o Império Romano, tinham uma aliança com Roma que os beneficiava como construtores de embarcações para seu exército e os protegia das invasões gregas e dálmatas. Foi durante esta época que foi erguido o Fórum Romano na cidade, cujas ruínas se vê hoje em dia.
Com a divisão do Império Romano, a cidade caiu sob controle do Império Bizantino, mas continuava a ser um município livre na região da Dalmácia, competindo com e guerreando contra a cidade de Veneza. No início do século XIII Zadar e outras regiões da Croácia foram vendidas para Veneza, o que estagnou o crescimento da região. No no final do século XIV foi fundada ali a primeira universidade da Croácia e, entre os séculos XVI e XVII, a cidade é fortificada para se proteger das invasões do Império Otomano.
Vem o fim do século XVIII, Veneza cai, e Zadar é anexada ao Império Austro-Húngaro. Mas em 1806 Napoleão invade o lugar e, durante sete anos, a França é quem governa o porto. No fim desse período, com a derrota dos exércitos de Bonaparte, o exército austríaco retoma seu controle e o mantém até o fim da Primeira Guerra Mundial.
Na partilha, Zadar fica com a Itália e, só ao fim da Segunda Grande Guerra, a cidade em ruínas passa a fazer parte do Reino dos Sérvios, Croatas e Eslovenos, depois transformado em Iugoslávia. Neste período, Zadar é reconstruída e investimentos são feitos para garantir sua subsistência comercial e industrial. A partir daí, Zadar acompanha a Croácia na sua Independência de 1991, permanecendo como importante porto e atração turística.
Diário
Ficamos hospedados por duas noites em um apartamento no ‘continente’, a um quarteirão da Gradski most, ponte que o liga à península onde fica a Cidade Velha. Chegamos na cidade já no fim do dia, depois de passar a tarde no Parque Nacional dos Lagos Plitvice, então jantamos no centrinho e passamos num supermercado para comprar comida para o café da manhã do dia seguinte.
De manhã cedo nos juntamos a um grupo num tour a pé pelo centro histórico, para captar um pouco de sua história. Assim como outras cidades da Croácia, Zadar também sofreu diversas influências arquitetônicas, dependendo da época de dominação.
A primeira construção que nos chama a atenção ao caminhar para dentro da cidade velha, pelo Portão do Mar (Morska Vrata), decorado com um leão veneziano, é a Torre dos Sinos, Campanário de Santa Anastácia, parte da Catedral de Santa Anastácia e Arquidiocese local. A torre tem 56 metros de altura e teve sua construção iniciada na época medieval. Seus últimos dois andares foram adicionados no final dos anos de 1800 e abrigam cinco sinos, cujos sons ecoam por toda a cidade.
Ao lado da Catedral foi construída no século IX a Igreja de São Donato. Em formato arredondado, tem um interior bem simples mas é famosa pela sua acústica.

Ao redor dessa praça onde estão a Catedral e Igreja, há ruínas de um Fórum Romano, que há mais de dois mil anos foi o grande centro da cidade. É por ali que vendedores de souvenirs montam suas barracas, para vender uma grande variedade de produtos com emblemas croatas, mas fabricados na China.

Como o mundo se divide entre os que buscam cultura e os que buscam lembrancinhas, há espaço também para visitar ali em frente o Museu Arqueológico de Zadar, que contém desde artefatos pré-históricos até objetos mais modernos diversificados.
Ao lado do museu, ergue-se a Igreja de Santa Maria e o Monastério Benedictino de Santa Maria, com seu claustro de jardins verdes.

Outro ornamento do Fórum, uma coluna solitária se destaca: o Pilar da Vergonha era onde pessoas que haviam cometido algum crime eram amarradas e publicamente humilhadas pelos guardas e transeuntes. E ao seu lado, restos de um templo romando exibem três Efígies, uma delas aparentemente a cabeça de Medusa.


No fim do Fórum já está a orla (Riva) da cidade, um calçadão que se estende por todo o centro histórico e, recentemente, teve adicionada a sua silhueta uma passarela em direção ao mar com um pequeno Farol. Naquele pedaço de água, quando o mar está calmo, são jogadas partidas de pólo aquático.

Caminhando pela orla em direção ao norte nos deparamos com alguns degraus que dão direto no mar. Ali foi realizada pelo arquiteto Nikola Basic uma obra de engenharia interessante, chamada de Órgão do Mar. São 35 tubos submersos que emitem sons aleatórios, como se viessem de uma tuba, à medida que as ondas marítimas vêm e vão. É ali que se reúne o povo para ver o pôr do sol.


Na esquina da orla, onde em geral ficam aportados grandes navios de cruzeiro, que trazem milhares de turistas à cidade diariamente, há uma outra obra moderna, do mesmo arquiteto, formada por diversos paineis solares e luzes de LED, chamada Saudação ao Sol. Durante o dia, os paineis captam a energia solar e, à noite, os LEDs coloridos são acionados, formando desenhos aleatórios dentro de um grande círculo no chão.

Um pouco para dentro do centro histórico, a partir do porto marítimo, fica uma pequena praça chamada Praça das Três Fontes, onde estão instalados bustos de personalidades de Zadar e, em um de seus lados, a Igreja da Nossa Senhora da Saúde (Crkva Gospa od Zdravlja), uma capela simples de 1447.

Ao lado da praça fica o Mali Arsenal, que já serviu de armazém de munições e hoje é um espaço multimídia onde os visitantes podem explorar animações e maquetes tridimensionais da cidade.

Por trás do Mali Arsenal, subimos a Muralha da Cidade, que acompanha o canal e passa por cima do Portão do Mar. O caminho por cima das muralhas é hoje um largo calçadão, construído pelos romanos, reforçado pelos venezianos e reformado pelos austríacos. Ao longo desse espaço jardinado, encontramos uma maquete da cidade e belas vistas de suas ruelas.

Uma das vistas é do Mercado de Zadar, cujas barraquinhas de produtos agrícolas e artesanatos funcionam até às 13h.
Seguindo a muralha até o final, chegamos na Praça Petar Zoranica, um espaço cercado de prédios coloridos e com uma coluna romana isolada no centro. Ao lado da coluna fica a Igreja de São Simão, construída em estilo românico e reformada em 1632 para abrigar o corpo de São Simão, até hoje guardado em um relicário de prata e vidro datado de 1380. Ali paramos para tomar um sorvete no Bob Rock’s.


Do outro lado dessa praça da coluna romana fica uma outra praça, a Praça dos Cinco Poços, que abriga poços de pedra ornamentados do século XVI, que serviam de principal fonte de água para a população da cidade.

Ao está lado do Parque Queen Jelena Mdijevka, plantado sobre um antigo bastião militar e em cuja esquina se avista o Portão da Terra (Land Gate), outra entrada da cidade, decorada com um leão veneziano alado, de 1573.

Retornamos, neste ponto, à praça da coluna romana e seguimos a alameda até a Praça Narodni (Praça do Povo), no cruzamento com a rua do Portão do Mar. É onde fica a Câmara Municipal e Prefeitura de Zadar, e também o o Palácio da Guarda Municipal com sua famosa torre do relógio. O Palácio hoje abriga o Museu Etnográfico da cidade.

Arredores
Uma vez que havíamos visitado os pontos principais do centro histórico, resolvemos procurar uma prainha para descansar e molhar os pés. Saindo pelo Portão da Terra, o caminho pela orla apresenta diversas prainhas de pedra, onde moradores locais e visitantes banham-se ao sal e sol. Entre elas estão as praias de Kolovare e Divna Draga.

Como começamos a sentir fome, paramos em um restaurante chamado Karma, onde comi de sobremesa uma incrível torta de pistache. O lugar fica bem em frente à Fonte Imperial, construída em 1546 para servir água aos navios e à população local.

Conclusão
O dia de exploração intensa terminou com um jantar simples no apartamento, que poderia ter sido em qualquer restaurante da cidade, mas estávamos bem cansados. Já no dia seguinte pegaríamos estrada novamente.
A direção era Split, com algumas paradas no caminho, um outro dia intenso, cujo relato está aqui: Šibenik, Primošten e Trogir.
Crédito das fotos: Fabio Tagnin