Split – Croácia

Segunda maior cidade da Croácia, atrás de Zagreb, Split é encantandora. Seu charme alegre e localização geográfica atraem turistas o ano todo. Além de ter sido escolhida pelo Imperador Diocleciano no fim do século III para ser a sede de seu palácio de aposentadoria, a cidade é ponto central para visitas a outros lugares de interesse, como a ilha de Hvar.

Antes de Split tornar-se uma cidade, o local aos pés do Monte Marjan foi escolhido pelo então Imperador Romano Diocleciano para receber um suntuoso palácio, onde ele pudesse viver seus anos de aposentadoria. A construção ocupou provavelmente os anos de 295 a 305 d.C. A escolha do lugar fazia sentido porque Marjan ficava a poucos quilômetros de Salona, na época uma das capitais do Império Romano. Essa cidade, no entanto, foi atacada pelos povos Eslavos e Ávaros no século VII e seus habitantes fugiram para o palácio de Diocleciano para se protegerem. E assim, dentro dos muros do palácio, a cidade de Split começou a se desenvolver.

As muralhas do palácio têm 4 entradas: são portões com nomes de metais, como ouro, prata, ferro e bronze. Como chegamos à cidade já no início da noite, caminhamos até o Portão de Prata, a leste do palácio, passando pela área do Mercado Verde (Pazar), que já se encontrava adormecido. Caminhamos procurando um restaurante para jantar e acabamos comendo uma pizza na Praça do Povo. Mas no dia seguinte, porém, pudemos visitar o agitado mercado, com suas tendas de artesanato, souvenirs, roupas, produtos frescos, carnes e queijos.

Portão de Prata
Mercado Verde, no Portão de Prata

O Portão de Ouro (do norte), no entanto, foi por onde entramos na cidade durante o dia. Em frente a este portão, foi erguida a estátua de Grgur Ninski (Gregório de Nin), assinada pelo famoso escultor Ivan Mestrovic, o Miquelângelo croata. Dizem as lendas que esfregar o dedão do pé do gigante de bronze atrai sorte e a realização de desejos. E é ali também que fica o parque Josipa Jurja Strossmayera, onde encontramos nossa guia para fazer o Free Walking Tour pela cidade.

Estátua de Grgur Ninski

Passamos ali um dia inteiro e ainda pudemos aproveitar uma praia à tarde, antes de jantarmos na Riva. E deu para conhecer tudo, sem contudo entrar em museus e outros lugares com ingresso pago, o que nos tomaria mais tempo. Conto dos detalhes do dia em seguida.

Nossa primeira parada foi na parte mais conhecida – e agitada – do palácio, o Peristilo, ou o pátio da Catedral. É uma praça rodeada pelas fachadas de três monumentos: o vestíbulo dos apartamentos privados do Imperador, ao sul, o pórtico de seu Mausoléu, a leste, e o têmeno do Templo de Júpiter, a oeste. No pórtico de entrada original do mausoléu foi construído, entre os séculos XIII e XVII um campanário de 57m de altura. A praça fica praticamente o dia todo repleta de turistas. Na noite anterior havia música ao vivo em um dos bares e gente dançando no meio do pátio. Nesta manhã testemunhamos até um casamento.

Peristilo

Mas falemos de arquitetura e decoração. Entre duas das colunas coríntias da fachada do Mausoléu figura uma das 12 esfinges egípcias em basalto negro, do tempo do faraó Tutemés III (1.504-1450 a.C.).

Esfinge de mais de 3.500 anos

O Templo de Júpiter, que foi construído como parte integrante do palácio, ficou inacabado quando o Imperador abdicou em 305 d.C. No século VI o lugar foi transformado no Batistério de Sâo João Batista. Já no século XIII foi transferida para lá uma bacia de batismo feita com peças de um altar do século XI, que estava na Catedral de Split. E em 1928 foi descoberta uma esfinge nas fundações de uma casa, que estava destruída, e que foi instalada ali na porta do templo. Acredita-se ser uma das 12 que o Imperador trouxe do Egito, uma escultura de mais de 3.500 anos.

Bacia batismal
Outra esfinge, sem cabeça

Uma curiosidade: para chegar ao templo, saímos do Peristilo por uma porta a oeste e caminhamos por uma rua que, de tão estreita, tem um nome bem peculiar: “deixe-me passar”.

O Mausoléu de Diocleciano, construído perto de 311 d.C. para abrigar seu corpo após sua morte, acabou virando depois a Catedral de São Domnio, dedicada, ironicamente, ao santo padroeiro da cidade de Split, Sveti Duje, o primeiro bispo da Dalmácia, que foi perseguido, martirizado e morto pelo próprio Diocleciano.

Catedral de Split e seu Campanário

Ao longo dos séculos seguintes, além do Campanário, outros prédios foram sendo construídos dentro da área do palácio. Alguns sobreviveram, outros já não existem mais.

Campanário da Catedral de Split

Sob o palácio, estende-se também uma rede de túneis que já serviram de esgoto e de armazenamento de óleo. Nos dias atuais, além de abrigarem algumas lojas, serviram de cenário para a série Game of Thrones.

Atrás do Peristilo está um Vestíbulo de acústica bem definida. É ali que encontramos um grupo musical cantando acapella algumas canções Klapa, típicas da Dalmácia.

Grupo cantando Klapa

Seguindo pela rua do vestíbulo em direção ao mar (sul), chegamos às muralhas que protegiam o palácio e ao Portão de Bronze. Nessa área mais a sudeste é onde ficava o Triklinij, as salas de refeição do palácio. É ali que está também o Vomitorium, local onde os romanos costumavam livrar-se da comida ingerida para poderem comer mais – e comiam de bruços.

Vomitorium

Pelo caminho ainda é possível ver vestígios dos mosaicos que cobriam os pisos antigamente.

Detalhe de mosaico no piso de uma das salas de refeição

Se retornarmos ao Peristilo e caminharmos em direção ao Portão de Ferro (oeste), chegaremos à Praça do Povo, onde fica a Câmara Municipal no século XV, agora um museu de arte contemporânea. Ao redor da praça existem vários restaurantes, lojas de souvenires e uma antiga livraria.

Portão de Ferro
Praça do Povo
Antiga Câmara Municipal na Praça do Povo

Seguindo para o sul em direção ao mar, chegamos à praça dos Irmãos Radić, ou Praça das Frutas. Ali fica a Torre Veneziana, construída na época do domínio italiano para servir de ponto alto de observação, para proteção da cidade. Na praça foi erguida pelo artista Ivan Mestrovic uma estátua de Marko Marulić (1450-1524), escritor e fundador da literatura em língua croata.

Torre Veneziana
Estátua de Marko Marulić

A praça dá acesso à Riva, a simpática promenade de Split, com seus restaurantes com vista para o mar e os barcos ancorados, que realizam passeios turísticos às ilhas e praias ali em volta.

Riva

Seguindo pela Riva em direção ao Monte Marjan, a oeste, passando pela Praça da República e pela Igreja e Convento de São Francisco, chegamos ao pé dos degraus que levam à colina. Dizem que são apenas 300 degraus, mas não contamos, apenas subimos, pela sombra. É possível chegar lá de carro ou de bicicleta também.

Praça da República
Igreja e Convento de São Francisco

No topo dos degraus fica um pequeno restaurante, Teraca Vidilica, e uma das mais belas vistas da cidade de Split. Vale todo o esforço da subida. E foi lá que encontramos a entrada do Antigo Cemitério Judaico, de 1573.

Vista da cidade de Split a partir do Monte Marjan
Antigo Cemitério Judaico

Split tem também várias praias, que são exploradas por moradores locais e visitantes. Nossa guia nos indicou a Praia de Kašjuni, que fica no extremo oeste da colina de Marjan. É bastante popular e tem poucos lugares para estacionar. A baía oferece um abrigo e a praia tem barraquinhas, café e estrutura para turistas. Ah, e um de seus cantos mais reservados é frequentado por nudistas.

Praia de Kašjuni

Findo o período na praia, voltamos ao apartamento para um banho e troca de roupa, e caminhamos novamente pela Riva para encontrarmos um restaurante para jantar. E para ficar simplesmente vendo o sol se pôr e as pessoas passarem.

Riva

Conclusão

Split é a cidade mais imperdível da Croácia. Tem que fazer parte de qualquer roteiro, não apenas por sua importância histórica e cultural, mas por sua beleza e conservação, localização geográfica e opções gastronômicas. Dá para passar 3 ou 4 dias tranquilamente, sem repetir programa. E, de quebra, conhecer outras praias, mais da parte nova da cidade, e eventualmente fazer algum passeio de barco de dia todo pelas ilhas ao redor.

Nòs ficamos apenas dois dias e corremos para ver o que dava. Foi ótimo, mas deu vontade de ficar mais. No dia seguinte, já tivemos que sair de carro, por ferry boat, em direção à ilha de Hvar.

Crédito das fotos: Fabio Tagnin

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