Lima, Cusco e Machu Picchu – Peru

Pouco antes da Pandemia de Covid-19, ainda em 2019, havíamos feito planos para ir ao Peru em 2020. Havia um congresso em Lima, e íamos esticar a Cusco e Machu Picchu. Veio março de 2020 e tudo teve que ser cancelado. Fora o perrengue com os reembolsos da companhia aérea, esperamos 2 anos para realizar o sonho de conhecer a cidade sagrada Inca. E para não haver erro, contratamos o pacote de uma agência local, a Machu Picchu Viagens, que nos atendeu muito bem.

Planejamos passar em novembro de 2022 uma semana entre Lima, Cusco e Águas Calientes, de onde saem os ônibus a Machu Picchu, tempo mais que suficiente para conhecer de perto um pouco da história do país, as maravilhas culinárias de Lima e as paisagens magníficas de Cusco e Machu Picchu.

Dia 1 – São Paulo – Lima

Pegamos um vôo matutino de São Paulo a Lima e logo na chegada havia um carro à nossa espera para nos levar ao hotel José Antonio, no bairro de Miraflores. Deixamos as malas e pegamos um Uber para o Museu Larco, um lugar muito florido, rico em artefatos arqueológicos e com exposição permanente da história do país. Ah, e com uma curiosa coleção de arte erótica. Aproveitamos para comer no restaurante do próprio museu, que nos havia sido muito recomendado. E que comida boa!

Museu Arqueológico Rafael Larco Herrera

Coleção de arte erótica precolombiana

Depois do almoço, pegamos um outro Uber para Miraflores, descemos no shopping Larcomar e caminhamos pelo Malecón de Miraflores entre seus parques e as lojinhas do shopping, antes de ir ao hotel fazer check-in e nos prepararmos para o jantar.

Larcomar

À noite, de Uber, chegamos direto no restaurante Pescados Capitales, um lugar muito agradável, bem humorado e com pratos muito saborosos. Vale colocar no roteiro.

Restaurante Pescados Capitales

Dia 2 – Lima

Tomamos um bom café da manhã no hotel e saímos para conhecer a cidade. Começamos pela própria orla, no Malecón de Miraflores, e paramos no Parque del Amor, inspirado no Parque Guell de Barcelona. Inagugurado no dia do amor, em 14 de fevereiro de 1993, entre os mosaicos coloridos com poemas e versos de amor e tragédia, é ali que fica a escultura El Beso, representando o escultor peruano Víctor Delfín e sua esposa. Naquele espaço, como em muitas pontes gradeadas ao redor do mundo, casais apaixonados deixam suas marcas em cadeados coloridos.

Parque del Amor

El Beso

As grades do amor

Em seguida, visitamos o parque El Olivar em San Isidro, para ver os únicos três exemplares sobreviventes das oliveiras importadas de Sevilla e plantadas inicialmente em 1560 por Antonio de Rivera, entre outras árvores de oliva mais recentes. O bosque foi parte da extensa propriedade do Conde de San Isidro que, na década de 1920, com dificuldades financeiras, dividiu o espaço em 41 lotes, vendidos a compradores particulares, formando o que é hoje um dos bairros mais chiques da cidade.

Oliveira de 1560

Nosos passeio continuou até a Praça San Martín e seu monumento ao libertador José Francisco de San Martín y Matorras, ou Don José de San Martín, o general argentino e primeiro líder da parte sul da América do Sul, que obteve sucesso no seu esforço para a independência da Espanha, tendo participado ativamente dos processos de independência da Argentina, do Chile e do Peru. Daí toda cidade nestes países erguerem avenidas, praças e parques em sua homenagem.

Monumento a Don José de San Martín

Monumento a Don José de San Martín

Seguimos a Huaca Pucllana, de onde se observa o exterior de um templo em forma piramidal que antecedeu a cultura Inca, em 200-700 DC. Foi um local sagrado de 25 metros de altura, entre um conjunto de pátios, praças e muros de adobe, que já foi maior e com o tempo e explorações indevidas tornou-se um local fechado para estudos específicos nos dias de hoje. A área conta com um museu, que não visitamos.

Huaca Pucllana

Continuamos até o Centro Histórico de Lima, que serviu de sede da Colônia Espanhola no século XVI e foi declarado Patrimônio Histórico da Humanidade em 1991 e entramos no Museo Oro del Perú, um espaço arqueológico e militar, que contém algumas das mais preciosas peças douradas precolombianas já encontradas na região.

Caixa forte do Museu Ouro do Peru

Máscara de ouro da Cultura Lambayeque

Um ponto de parada crucial na visita ao centro histórico é o Museu do Convento de São Francisco e suas Catacumbas. O local abriga uma linda biblioteca e suas catacumbas milhares de ossos e crânios em túneis de tirar o fôlego – literalmente. Não recomendo para claustrofóbicos. Infelizmente não se pode tirar fotos ali dentro.

Foto de divulgação da biblioteca, créditos a determinar

Foto de divulgação da biblioteca, créditos a determinar

Na praça maior estão o Palácio do Governo e a Catedral de Lima, e algumas vendedoras com roupas coloridas vendendo souvenirs ainda mais coloridos.

Praça Maior

Catedral de Lima

Souvenires coloridos

Como toda cidade grande da América Latina, Lima tem também suas favelas. Encrustradas nos morros, foram pintadas de cores chamativas para atrair os olhares turísticos e “melhorar a vida de seus moradores”. O fato é que formam cenários fotográficos interessantes, com o contraste do cinza da montanha, como a de San Cristóbal abaixo.

Favela colorida de Lima no Cerro San Cristóbal

Escolhemos para o almoço o restaurante à beira mar La Rosa Nautica. O espaço é uma atração singular. Construído em palafita sobre as águas do Pacífico, tem vistas incríveis da orla da cidade e uma comida especialmente saborosa, como a maioria da culinária peruana. Como comemos tarde, deu para esticar até o sol baixar – e que vista!

Vista do restaurante para a cidade lá em cima

La Rosa Nautica ao pôr do sol

De lá, resolvemos subir o morro a pé, até o hotel. Caminhando pela orla, passamos pelas areias pedregosas até o monumento ao surfista Sergio Barreda e subimos a colina. Chegando no Malecón de Miraflores, ainda nos muros das escadas, surpreendentes grafites nos esperavam.

Escultura em homenagem ao surfista peruano Sergio Barreda

Grafites nas escadas do Malecón de Miraflores

Dia 3 – Lima – Cusco

Dia de ir a Cusco, de avião. Após o café da manhã bem cedo e check-out, pegamos um transporte ao aeroporto de Lima. O vôo saiu às 8:15 e chegou em Cusco às 9:40. Tivemos uma surpresa um pouco estressante ao sairmos do saguão e não encontrarmos alma viva ali fora. Havia uma greve e todas as ruas ao redor estavam fechadas, o que não permitia que os carros chegassem ao aeroporto. Felizmente, contactamos a agência, que nos pediu que tomássemos algum dos poucos táxis que já se encontravam ali e que depois nos reembolsariam o valor. Foi o que fizemos.

Apesar desta greve ter afetado a vida de muitos turistas naquela semana, cancelando idas a Machu Picchu, por exemplo, ou deixando pessoas “ilhadas” em Águas Calientes por parada do único trem que serve a região, por alguma razão cósmica nosso plano permaneceu sólido e sem intercorrências.

Mapa em mosaico da cidade de Cusco

Cusco está localizada a 3.420m de altitude, e na chegada já se sente a pressão no fôlego para carregar as malas. Chegando no hotel, já tomamos um cházinho de coca para irmos nos acostumando com a nova situação. Uma vez acomodados no hotel San Agustin El Dorado, localizado bem próximo da praça central, saímos para caminhar pela cidade – ainda em passos lentos.

Praça central com vista para a Catedral de Cusco

A região tem inúmeras representações de três animais, o condor, o puma e a serpente, que representam o céu, a terra e o mundo dos mortos. Os Incas (o povo Quechua, na realidade, porque Inca era o senhor supremo do povo, de poder infinito, filho do Sol, mediador entre o mundo dos vivos e o mundo dos deuses) tinham uma concepção panteísta do universo, considerando como seres divinos e com vida o sol, a lua, a terra, as plantas e os animais. Tomando emprestado o deus andino Huiracocha, que supostamente criou o mundo, o povo Quechua adorava o deus Sol (Inti), a Terra (Pachamama), a Lua (Killa), o Raio (Illapa), as Montanhas (Apus) e outras tantas divindades, que viviam no mundo acima (Hanan Pacha). O mundo terreno (Kay Pacha) era reservado aos seres vivos e o mundo abaixo (Uku Pacha) reservado aos mortos.

Assim, há que andar pela região de olhos espertos para identificar as representações de tudo isso nas construções, histórias e na língua do povo originário. A própria cidade de Cusco foi construída originalmente na forma de um Puma.

Piedra de los 12 angulos, representando o Puma, mundo terreno (coloração amarela por minha conta)

Indicações encontradas nas ruas da cidade

Em nossas andanças, encontramos um restaurante extremamente charmoso e com uma vista privilegiada para a praça central, o La Morena. Tivemos a sorte de achar a única mesa livre, pois as reservas já começavam a ocupar todo o espaço. A comida era tão boa que cogitamos voltar lá para jantar, mas já tínhamos outra reserva.

Morena, Peruvian Kitchen

A tarde livre nos brindou com um passeio caloroso pelas ruas estreitas, lojinhas de arte, artesanato e souvenires curiosos, alpacas e suas tutoras com vestimentas multicores, enfim um charme de lugar! Pudemos notar a presença marcante da bandeira de 7 cores de Cusco, que lembra muito a de 6 faixas do movimento LGBTQIA+. Visitamos o Mercado Central de San Pedro e andamos tanto que nos abriu o apetite para o jantar.

A cidade de Cusco também abriga diversos museus, que podem ser visitados de graça para quem tem o Boleto Turístico Integral. Entre as sugestões estão o Convento de Santo Domingo e museu subterrâneo, o Museu Regional, o Museu de Arte Contemporânea, o Museu Qoricancha e o Museu de Arte Popular.

Comércio fervilhante na cidade

Souvenires multicoloridos

Alpacas e sua tutora multicolorida

Como não poderíamos deixar de experimentar um dos renomados restaurates de Gastón Acurio, escolhemos o Chicha na hora do jantar para saciar a vontade.

Chicha, por Gastón Acurio

A praça central de Cusco à noite

Dia 4 – Cusco

Dia de andar pela cidade e arredores com o guia. Depois do café da manhã, nos juntamos a outros turistas com um guia local para conhecer melhor a região e sua história. Além de visitarmos a Catedral de Cusco, construída em estilo barroco e com pinturas do famoso pintor e escultor italiano Bernardo Bitti, andamos um pouco mais pelas ruas estreitas para ver outras curiosidades e almoçamos um sanduíche no Papacho’s, também do Gastón Acurio.

Em seguida visitamos Qoricancha – a Igreja e Convento de Santo Domingo, templo construído durante o reinado do Inca Huiracocha, no século XIII, e renovado pelo imperador Pachacutec, construtor de Machu Picchu, no século XV. As paredes e muros do Templo do Sol, como é conhecido, são exemplos do mais alto nível de engenharia que os Incas alcançaram. Suas pedras encaixam-se perfeitamente, sem nenhum tipo de argamassa, e foram um dia cobertas de ouro. Durante a invasão espanhola, contudo, o Templo foi saqueado e o ouro roubado, como aconteceu em toda a América.

Qoricancha – Convento de Santo Domingo

Pátio interno do Convento

O grupo então seguiu na van até a Fortaleza de Sacsayhuman, famosa por seus blocos de pedra esculpida e pela comemoração da Festa do Sol (Inti Raymi) durante o solstício de inverno. E pela vista incrível da cidade de Cusco.

Vista da cidade a partir da fortaleza

Restauração em andamento na fortaleza

Saímos de lá e passamos em Qenqo (labirinto, em Quechua, nome dado ao local pelos espanhóis que primeiro chegaram lá). O lugar foi construído para invocar Uku Pacha, a lendária serpente que deu origem à vida. Os Incas acreditavam que os túneis subterrâneos das cavernas comunicavam o mundo dos vivos com o mundo dos mortos e por ali realizavam cerimônias e sacrifícios.

Pedra do sacrifício – onde rituais eram realizados com sangue animal

A próxima parada foi em Tambomachay, o “chuveiro Inca”, um centro aparentemente reservado para a elite do império, onde se realizavam cultos de adoração ao elemento água, por meio de rituais de oferendas e onde o imperador Inca se banhava e limpava o corpo e a alma. Também pode ter sido um posto militar avançado de controle de partida e chegada para quem fazia o trajeto de Cusco a Antisuyo. Outra curiosidade é que não se sabe ao certo de onde vem a água do lugar, sendo provável que a engenharia Inca tenha deslocado o fluxo de alguma nascente ali por perto.

Tambomachay

Nossa última parada foi em Puka Pukara (fortaleza vermelha, em Quechua), supostamente erguida durante o reinado do nono governante Inca, Pachacuti, entre 1438 e 1471. Pelas características do local, pesquisadores acreditam que tenha sido um posto de agrupamento militar no caminho a Cusco, na estrada Qhapac Ñan, de cerca de 30 mil quilômetros de extensão, que ligava a cidade de Cusco a outros centros urbanos Incas. Ali, nas paredes, terraços, escadas, aquedutos, praças, quartos e outras estruturas não há uma regularidade estética na sobreposição das pedras como na Fortaleza de Sacsayhuman, dando a impressão de não ser um local sagrado.

Puka Pukara

Após esse dia intenso, paramos na cidade e jantamos algo leve no pequeno mas agradável restaurante Sagrado.

Dia 5 – Cusco – Ollantaytambo – Águas Calientes

Café da manhã reforçado com cházinho de coca e check-out, partimos em direção ao Vale Sagrado dos Incas. Nosso destino: Águas Calientes, de onde saem os passeios a Machu Picchu. A primeira parada foi no topo do Cerro San Cristóbal, onde fica uma igrejinha e tem-se uma grandiosa vista da cidade de Cusco e sua praça principal.

Vista da cidade de Cusco a partir do Cerro San Cristóbal

Seguindo nosso caminho, paramos no museu de tecelagem Awanacancha, que abriga uma grande loja de produtos feitos dos pêlos dos quatro camelídeos mais encontrados na região – Lhamas, Alpacas, Vicunhas e Guanacos. Esses animais tipicamente andinos são a matéria-prima de quase todos os produtos têxteis desenvolvidos pelos povos originários. A lã mais grossa e resistente da Alpaca dá forma a tapetes, cortinas, bolsas, malas e até calçados. O pêlo mais delicado e fino das Vicunhas e Guanacos permite a confecção de roupas e acessórios.

Alpacas e Lhamas são domesticadas e criadas com fins específicos. Já os Guanacos e Vicunhas são selvagens e vivem em bandos nos planaltos acima dos 3.000m de altitude. Há uma diferença sutil entre os últimos dois, que permite identificá-los facilmente: Guanacos têm faces acinzentadas e Vicunhas têm faces da cor dos pêlos do corpo.

Awanacancha

Das Lhamas também extrai-se a pelagem para tecelagem, mas com elas há que se ter mais cuidado – conhecida pela sua natureza calma, o animal irrita-se com facilidade e, quando irritado, espirra seu muco na direção do seu alvo. Inúmeros são os casos de turistas que resolveram tirar fotos cara-a-cara com uma Lhama e levaram uma cuspida na cara!

Um dos raros casos de uma Lhama não irritada, ainda bem!

Logo mais à frente, paramos no Mirador Taray, que apresenta uma gostosa vista do vale verde em meio às montanhas marrons da região. Ali, tivemos a oportunidade de aprender que as batatas surgiram no Peru e ali são cultivadas mais de 3 mil espécies do tubérculo. Além das batatas, no Peru há mais de 40 espécies milho! No Duty Free de lá compramos até um Black Whiskey muito bom e premiado feito de milho negro.

Vista do Mirador Taray

Algumas das mais de 40 espécies de milho colorido da região

A parada seguinte, a 33Km de Cusco, foi em Pisac, as ruínas de um centro de produção agrícola andino com imensos terraços e esplanadas sobrepostos. Ficamos ali cerca de uma hora e pouco. Construída durante o governo do imperador Pachacutec no século XV, foi invadida e saqueada pelos espanhóis, que danificaram monumentos, edificações e até o cemitério.

Terraços de Pisac

Ruínas de Pisac

Na descida das ruínas, passamos brevemente pelo Mercado Artesanal de Pisac, onde compramos alguns brincos e colares muito bem feitos e tiramos mais algumas fotos com pequenas Alpacas e Lhamas e suas tutoras. Já com fome, seguimos ao povoado de Urubamba para comer. Infelizmente não tivemos tempo de parar nas salinas de Maras y Moray, apenas nos detivemos na estrada para tirar uma foto de longe do lugar. Para quem estiver com tempo, vale a visita.

Salinas de Maras y Moray

A 90Km de Cusco, chegamos a a Ollantaytambo, um importante centro militar, religioso e cultural incaico. É um dos complexos arquitetônicos mais monumentais do império Inca, com muros descomunais nas encostas dos morros, construídos com encaixes perfeitos de pedras enormes. Tais rochas só podem ser encontradas em sua forma natural a quilômetros dali, e os Incas talhavam cada uma com sulcos para facilitar seu transporte com cordas. Já no local, talhavam e esculpiam ainda mais para que assentassem umas sobre e ao lado das outras de forma perfeita, sem o uso de qualquer tipo de argamassa.

Detalhe do encaixe das pedras

Vista do povoado de Ollantaytambo a partir do topo do morro

Em seu rico Mercado Artesanal, algumas pessoas vestiam-se com as túnicas e adereços incas para chamar a atenção dos turistas. Alguns pareciam perfeitos e transportados de séculos atrás!

Personagem vestido

Nas ruas estreitas da cidade, encontramos mais exemplos das construções Incas, sob as residências coloniais, construídas sobre muros de pedras precolombianos. No finzinho da tarde, pegamos o trem balançante para Águas Calientes. Como fizemos o caminho praticamente no escuro, não tivemos oportunidade de curtir a paisagem. Mas no retorno escolhemos a passagem no vagão com vidros maiores e aí sim a viagem ficou bonita.

Trem que faz o trajeto Ollantaytambo-Águas Calientes

Chegamos a Águas Calientes com chuva, temerosos de que nosso passeio do dia seguinte a Machu Picchu pudesse ser cancelado ou interrompido. Mas a chuva passou. Do trem fomos direto ao restaurante do ecolodge The Tree House, que havíamos reservado para jantar. E de lá seguimos ao incrível Jaya Machupicchu Boutique Hotel para o pernoite.

Dia 6 – Águas Calientes – Machu Picchu – Cusco

Chegou o dia mais importante de toda a viagem. Acordamos ansiosos e tomamos o café da manhã no último andar do prédio do hotel, com vista para as montanhas e o vale onde corre o rio Urubamba. Não é a coisa mais bonita do mundo 🙂 mas só a vibração da cidade lá embaixo já movimenta o espírito. Fizemos nosso check-out, deixamos as malas no hotel e levamos conosco as mochilas com o que iríamos precisar no dia.

Águas Calientes, vista do hotel

A fila para os ônibus que sobem as encostas sinuosas da estrada Hiram Bingham já estava enorme quando chegamos. Mas como o número de ônibus é grande, ela anda rápido. Em menos de meia hora est´ávamos embarcados, a caminho da entrada do Santuário de Machu Picchu.

O tío com cara de sono ainda, esperando na fila com a mochila pesada

O marco da cidade

A estrada é um vai e volta sem fim, que os ônibus percorrem devagar. Machu Picchu, é bom lembrar, fica a 2.430m de altitude, menos que Cusco, o que relaxa o fôlego e facilita o caminhar, principalmente depois de 2 dias em Cusco. Na entrada do complexo nos esperava um guia, destacado pela agência que havíamos contratado. Na catraca, cartazes indicando as proibições do local: sem pau de selfie, sem tripé, sem guarda-chuva, sem som alto e sem comidas. Da entrada, o guia nos leva pelos diferentes caminhos da cidadela, explicando cada edifício, contando as lendas e histórias da época dos sacerdotes e Incas.

A estrada, com a cidade de Águas Calientes lá embaixo

Machu Picchu tem quatro circuitos: o curto e alto, o longo e alto, o curto e baixo e o longo e baixo. Foi o guia quem escolheu o nosso caminho, então não fizemos um pequeno trecho que outras pessoas fazem. A recomendação é que se leve no máximo 3 horas para fazer os circuitos, sem nenhuma das três “subidas extras” – as montanhas Machu Picchu, Huayna Picchu e Huchuy Picchu.

Para subir a montanha Huayna Picchu, a 2.693m de altitude, por exemplo, é preciso pagar um ingresso separado e fazer uma reserva com hor´ario específico, entre 6:00 e 9:00 da manhã – neste caso o circuito com a montanha pode levar 4 horas. Ali é que está o Templo da Lua, a 2.720m de altitude e tem-se uma vista diferente da cidade. Para subir a montanha Machu Picchu, há apenas dois turnos, às 6:00 e às 7:00 da manhã, e pode-se levar 5 horas no trajeto, incluindo um dos circuitos internos. E a subida a Huchuy Picchu, mais curta, tem turnos entre 6:00 e 13:00, podendo-se levar 4 horas com a combinação de um dos circuitos internos.

Entre os circuitos internos, há um caminho que leva ao topo da pirâmide Intihuatana, que fecha fecha às 10:00 e foi justamente ali que fomos barrados, pois chegamos 1 minuto depois de fechar. No fim, acabamos fazendo o circuito longo e alto, sem nenhuma montanha extra.

Circuitos e horários de Machu Picchu

Circuitos e horários de Machu Picchu

A ideia inicial proposta pela agência era de “aproveitar e explorar, descansar, meditar e sentir a not´avel energia espiritual do sítio arqueológico”. Esqueceram apenas de combinar isso com nosso guia, que “correu” conosco pelos espaços e, quando finalmente pedimos a ele um tempo para parar e meditar, já estávamos praticamente na porta de saída, sem que pudéssemos retornar a algum ponto mais calmo do circuito. Teimosos, dispensamos o guia e nos sentamos no chão, sobre um muro, sob protestos de outros guias que passavam, e ali fechamos os olhos por alguns minutos, para sentir de verdade a atmosfera espiritual que pairava sobre as montanhas. Estar ali é uma experiência incrível!

Machu Picchu com Huayna Picchu ao fundo

A pirâmide de Intihuatana

Estrutura simbolizando o Condor

Com óculos escuros não aparecem mais as olheiras

No fim do passeio, há na entrada um restaurante com um buffet, Sanctuary Lodge, onde almoçamos com tranquilidade, antes de pegarmos a fila e o ônibus para retornar à cidade de Águas Calientes e andar mais um pouco por suas ruas e mercado de artesanato. Como tínhamos já uma reserva para o trem Vistadome de retorno a Ollantaytambo (ou Poroy), e de lá uma van da agência nos levaria a Cusco, passamos no hotel para pegar as malas e rumamos à estação. Em Cusco, nos hospedamos novamente no hotel San Agustin El Dorado e jantamos com o grupo que conhecemos novamente no Papacho’s.

Dia 7 – Cusco – Lima – São Paulo

Último dia, com a vibração de Machu Picchu ainda na cabeça, tomamos café bem cedo, fizemos check-out e fomos ao aeroporto de Cusco pegar o vôo das 9:35 a Lima e, de lá, o vôo para São Paulo às 13:55.

Conclusão

Essa viagem ao Peru é imperdível, não sei como demoramos tanto para fazê-la. Fora o episódio da Pandemia, sempre falávamos que Machu Picchu era um destino que estava no topo da nossa lista, mas sempre postergávamos em detrimento de outra oportunidade de viagem. Ficamos felizes e extasiados ao completar mais esse sonho! E agora, mais ainda, em poder compartilhar e, possivelmente, inspirar outras pessoas a percorrer esses caminhos mágicos.

Crédito das fotos: Fabio Tagnin

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