Oslo – Noruega

Neste roteiro de 15 dias em julho de 2022 planejamos visitar as capitais de três países da Escandinávia: Noruega, Suécia e Dinamarca, mais uma extensão em Bergen e arredores, na Noruega. Começando o tour por Oslo, capital da Noruega, seguimos de trem a Estocolmo, na Suécia, depois também de trem a Copenhagen, na Dinamarca. De lá, voamos a Bergen, na Noruega, alugamos um carro, demos a volta pelas cidades ao redor da geleira do Parque Nacional de Jostedalsbreen, e seguimos ainda de carro de volta a Oslo, de onde voamos a São Paulo.

Separei a viagem em 4 partes:

História

Situada no norte da Europa, a Noruega possui ao redor de 5,5 milhões de habitantes em pouco mais de 385 mil Km2 (um pouco menos do que a população do Rio de Janeiro numa área pouco maior que o Mato Grosso do Sul). O país foi ocupado por diversas aldeias Vikings até que Harald Fairhair as unificou em uma só em 872, após a Batalha de Hafrsfjord em Stavanger, tornando-se o primeiro rei da Noruega unida.

Em 1319 o Rei Magnus VII de apenas 3 anos de idade, herdou o trono da Noruega e da Suécia ao mesmo tempo, unificando os reinos. Trinta anos depois, a Peste Negra dizimou metade da população da Noruega. Em meio à lenta recuperação econômica, o rei foi sucedido por seu filho Haakon VI, que casou-se depois com Margarete, filha do rei Valdemar IV da Dinamarca. Em 1379, com a morte de Haakon VI, seu filho Olaf IV, que já havia sido entronado Rei da Dinamarca alguns anos antes, o sucedeu, mas ainda era pequeno e quem cuidou do reino nesta fase foi sua mãe, a Rainha Margarete. Como Olaf morreu cedo, aos 17 anos de idade, a rainha, em seu afã de manter o poder e unificar os três reinos, apontou em 1388 Bogislav da Pomerania, neto de sua irmã mais velha, como Rei Erik, abarcando todos sob a sua esperta batuta.

Cronologia da vida da Rainha Margarete

Esta fase, conhecida como a União de Kalmar, durou de 1397 até 1523, quando Gustav Vasa foi eleito Rei Gustav I da Suécia e resolveu tomar de volta a cidade de Estocolmo, na época controlada pela Dinamarca. Vasa é um nome que lembra uma história vergonhosa com um certo navio, que conto em outro post. Mas enfim, com a Suécia fora da trindade, a Noruega permaneceu unida com a Dinamarca até 1814. Na realidade, com seu poder diminuído, o país praticamente virou uma colônia da Dinamarca, com a sede do poder concentrada em Copenhagen.

Até que, em 1807, o duplo reino foi atacado pelo Reino Unido, na Batalha de Copenhagen. Em defasagem, Noruega-Dinamarca assinam uma aliança com a França de Napoleão Bonaparte, mas essa guerra é perdida. Como parte do Tratado pós-guerra de Kiel, a Dinamarca é forçada a entregar o território da Noruega à – pasmem – Suécia, enquanto a Dinamarca pôde manter sob sua tutela ainda a Islândia, Groenlândia e Ilhas Faroe. A Noruega até que tentou declarar sua independência neste momento, mas isso causou uma guerra contra sua nova tutora, a Suécia, que saiu ganhando.

E até 1905 a Noruega permaneceu sob seu comando. Neste ano, o primeiro-ministro norueguês conseguiu o feito de separar a Noruega da Suécia e, em um referendo nacional, o povo escolheu manter a monarquia em vez de criar uma república. Só que na época já não havia mais nenhum membro das famílias nobres do país que tinha sangue real e poderia ser conclamado rei. Aí que o governo ofereceu o “cargo” ao príncipe Carl da Dinamarca, um parente distante dos antigos reis medievais da região. Foi realizado um plebiscito e ele ganhou unanimemente o direito de ser entronado Rei Haakon VII (volto a falar dele mais para a frente).

Oslo

Voamos de São Paulo a Oslo pela KLM com escala em Amsterdam. Pousamos no aeroporto de Sandefjord por volta das 4h da tarde e fomos direto ao apartamento que alugamos, Maya Apartments, no bairro de Grünerlokka, um pouco afastado do centro comercial e artístico da cidade, mas muito agradável e rodeado de parques. O loft com mezanino era bem pequeno, apenas para 2 pessoas, mas tinha tudo o que precis´avamos e era bem limpo e decorado. Ficamos ali 4 noites.

Em nosso primeiro dia em Oslo já havíamos reservado um City Tour Gratuito com a Nordic Freedom Tours, partindo às 10:00 da manhã da Jernbanetorget, a praça em frente à estação central de trem, onde está a famosa Estátua do Tigre, esculpida pela artista Elena Engelsen para representar o país e seu clima frio e hostil. Em cerca de 1h30 a simpática e falante guia nos levou para ver os principais pontos turísticos da cidade, contando as peculiaridades históricas de cada um.

O Tigre

Na praça de Jernbanetorget também encontra-se a escultura Knus nazismen (traduzido livremente como Derrota ao Nazismo), que se parece um pouco com o Martelo de Thor, mas na realidade é um tributo ao movimento de resistência norueguesa do Grupo Osvald durante a 2a Guerra Mundial, criado pelo artista Bjørn Melbye Gulliksen em 2015.

Knus nazismen

A Noruega foi o segundo país que mais tempo conseguiu resistir às ofensivas alemãs na 2a Grande Guerra. Foi invadida em abril de 1940, teve seu território controlado em junho e só foi libertada no final da guerra em 1945. Os 5 anos de ocupação se justificavam estrategicamente: permitia que o exército e a marinha alemães usassem seus portos livres de gelo para controlar o Atlântico Norte; garantia segurança nas rotas usadas para transportar minério de ferro da Suécia; e servia como base para ataques à Inglaterra e França.

Durante o período da guerra, o rei norueguês Haakon VII foi obrigado a exilar-se na Inglaterra, junto com sua família, que incluía seu filho, o príncipe herdeiro Olavo (que seria coroado como Olavo V) e o atual rei Haroldo (coroado como Haroldo V em 1991). O país é uma monarquia constitucional e tem uma democracia parlamentar, liderada por um primeiro-ministro, assessorado por um gabinete executivo escolhido dentre os 169 membros do Parlamento (Stortinget), que ocupa um edifício bonito em frente a uma praça colorida.

Parlamento Norueguês

Dois blocos para o oeste está a Catedral de Oslo (Oslo Domkirke), uma igreja protestante luterana cuja construção terminou em 1697. Fato curioso é que esta é a terceira catedral da cidade, erguida para substituir as duas anteriores, que foram destruídas, uma por abandono e a outra por um incêndio.

Seguindo pela rua Karl Johans, bordeando os verdes da praça, chegamos ao Teatro Nacional, que teve sua primeira apresentação em 1899. E, mais para a frente, chegamos ao Palácio Real (Det Kongelige Slott), onde moram o rei e sua família. O palácio pode ser visitado durante o verão, desde que os tickets sejam comprados com antecedência.

A Karl Johans, principal rua de Oslo, estende-se desde a estação de trem até a praça Slottsplassen, em frente ao palácio real. Nela acha-se de tudo, como lojas de souvenires, de grife, restaurantes e bares. É um ótimo lugar para tomar um café ou almoçar.

Karl Johans Gatan, com a praça à esquerda e o Palácio Real ao fundo

Teatro Nacional

Palácio Real

Dali, a apenas um quarteirão ao sul, está a Prefeitura de Oslo (Rådhuset), uma construção imponente, de interior amplo e rico em obras de arte, que também se pode visitar.

Prefeitura de Oslo

Interior da Prefeitura de Oslo

Ali, do porto logo à frente da Prefeitura, é de onde saem os barcos que fazem os passeios aos fjords e também os ferries para a península de Bygdoy, que abriga o Museu Norueguês da História Cultural (Norsk Folkemuseum), o Museu dos Vikings, o Museu Marítimo Norueguês, o Museu Fram e o Museu Kon Tiki. É muito museu para um dia só, e visitamos apenas dois deles.

O Museu Fram conta as histórias dos exploradores polares noruegueses. Ele é todo construído ao redor do navio de mesmo nome, uma das primeiras embarcações usadas nas grandes expedições polares.

Museu Fram

Ali ao lado fica o Museu Kon-Tiki, que conta as histórias do navegador Thor Heyerdahl, que atravessou o Oceano Pacífico em 1947 em busca da tentativa de entender como as ilhas da Polinésia haviam sido inicialmente habitadas.

Museu Kon Tiki

Esta orla, além de ter ótimos restaurantes e o shopping center Aker Brygge, abriga também o Museu Nacional (Nasjonalmuseet), o Centro Nobel da Paz (Nobels Fredssenter) e o Museu de Arte Moderna Astrup Fearnley. E ainda conta com uma mini praia onde os noruegueses vêm tomar sol e banhar-se nas águas geladas do mar.

Centro Nobel da Paz

Museu de Arte Moderna Astrup Fearnley

Um pouco mais a leste do porto, fica a Fortaleza de Akershus, um forte construído no século XIII quando Oslo tomou de Bergen o título de capital do país. Ali no museu pode-se conhecer um pouco da história da região e das constantes uniões e dissoluções dos reinos escandinavos na era medieval.

Fortaleza de Akershus

Atravessando alguns quarteirões, passamos pela praça histórica de Rådhusgata. Ali encontram-se alguns dos edifícios mais antigos de Oslo, como a primeira câmara municipal de Christiania de 1641 (hoje um restaurante). A praça é reconhecida pelo seu chafariz, com a escultura de uma mão com luva apontando para o chão – as Luvas de Christiania. Segundo a história, depois do incêndio na cidade de Oslo em 1624, o rei dinamarquês-norueguês Christian IV decidiu reconstruir a cidade nesta área, batizando-a com seu próprio nome.

Christiania Torv

Seguindo a leste, está a parte moderna mais conhecida da cidade, que abriga as famosas saunas marítimas (Badstuforening), a Biblioteca Pública Deichman Bjørvika, a Ópera de Oslo (Operahuset Oslo), o Museu Munch, e o Museu das Forças Armadas Norueguesas.

A Biblioteca merece uma entrada rapidinha, pois é bem bonita por dentro. A ópera também, e se houver algum concerto que lhe interesse, não deixe de ir. O museu de Edvard Munch é bem novo e reune diversas obras do autor, valendo para ver O Grito e a cópia da Monalisa.

Biblioteca Deichman

Ópera de Oslo

Museu Edvard Munch

Saunas marítimas

Dois passeios mais “naturais” recomendados são o Jardim Botânico Tøyen, que conta com cerca de 1800 espécies diferentes de plantas ao ar livre e em estufas, e o Parque Frogner, que abriga dentro dele o Parque de Esculturas Vigeland. É o maior parque de esculturas do mundo, abrigando mais de 200 peças elaboradas pelo artista norueguês Gustav Vigeland, talhadas em granito, ferro e bronze. Chegamos lá de patinete, saindo ali da orla da ópera e ficamos para um incrível pôr do sol.

Parque Vigeland

Conclusão

A capital norueguesa mantém um traço forte de sua ancestralidade Viking, ao mesmo tempo em que é uma mistura das diversas culturas dos países escandinavos, por conta de sua história interligada. É também um lugar moderníssimo, com uma arquitetura excepcional, dando muito valor à arte e história, o que contribui para uma educação eloquente e alta qualidade de vida de seus habitantes. Some-se a isso a grande quantidade de parques verdes, bons restaurantes e uma vida noturna intensa e tem-se uma combinação digna de atração turística imperdível.

O país, por sua vez, possui inimagináveis paisagens de florestas, fjords, cachoeiras e geleiras, convidando a ser conhecido, explorado e curtido com calma e atenção. Veja aqui a continuação da visita a Bergen e arredores.

Em seguida, visitamos Estocolmo e depois Copenhagen.

Crédito das fotos: Fabio Tagnin

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